Páginas preservadas de um
passado bruscamente interrompido
fotos by: Ira
O último dia de Pompeia,
Karl Briullov, 1827-1833,
Museu Russo, St. Petersburgo
|
No ano de 79, uma erupção do Vesúvio cuspiu
para o alto jatos de vapor, pedras, lava e cinzas incandescentes que desceram rasgando
caminhos de destruição pela aprazível região da Campanha, ao sul da Itália. Atingidas
quase num mesmo golpe, Herculano e Pompeia foram sendo soterradas em poucas
horas por toneladas de fragmentos e assim transformadas em gigantescas tumbas.
O vulcão destruíu também a vizinha
cidade portuária de Estábia que, entre suas vítimas, acrescentou o naturalista Plínio,
o Velho. É do seu sobrinho, Plínio o Moço, o único testemunho escrito conhecido
sobre o que, de Miceno (a 30 km de Pompeia),
as pessoas viram acontecer naquele dia.
Quase dois séculos acrescentaram sucessivas
camadas de terra ao solo antes que escavações profissionais - iniciadas em 1738
em Herculano e, dez anos depois, em Pompeia -, revelassem ao mundo aqueles
inusitados jazigos. Dentro deles restavam preservadas as imagens mais realistas
que se tem de como era a vida cotidiana em uma província romana no século I.
Ruínas de Pompeia tendo, ao fundo, o vulcão Vesúvio |
Destituídas de qualquer forma de vida,
as cidades ficaram preservadas das depredações naturais ou humanas durante o
período em que passaram adormecidas sob os detritos.
Então, despertaram lentamente,
após uma longa noite de sono. As escavações foram mostrando: uma padaria com pães ainda no forno, um soldado impávido em seu posto de vigia na entrada da cidade, um
ladrão sobre o telhado de um estabelecimento, famílias sob a mesa na sala de
jantar, alguém fugindo com muitas jóias, prisioneiros com seus grilhões.
Ruas, edifícios públicos, templos, estátuas,
estilos das casas e até grafites nos muros contam muito sobre como viviam os
moradores das duas cidades antes de serem apagadas dos mapas e esquecidas.
Em
Pompeia, alguns prédios mostram-se em quase perfeito estado, entre eles o
fórum, os templos de Júpiter, Juno e Minerva, mais os de Apolo e Isis. Dá a
impressão que a gente está caminhando por uma cidade abandonada.
As ruas têm identificação, assim como
alguns conjuntos como o anfiteatro e casas particulares da típica classe-média
romana, com átrio, pátio interno e pinturas murais. Há oficinas, lojas,
tabernas e casas de banhos públicos e de prostituição. Herculano era um pouco
menor que Pompeia, foi atingida no dia posterior e ressurgiu melhor conservada pelas
características do seu solo e dos sedimentos vulcânicos. Suas construções
refinadas levam a crer que se tratava de um local de veraneio para aristocratas
e intelectuais.
Causa
forte impressão ver, entre os “objetos recuperados” em Pompeia, os corpos
retorcidos dos seus antigos habitantes, ainda com a expressão de terror do
instante em que procuravam abrigo ou fugiam da tragédia. São réplicas de gesso (ou
resina), obtidas a partir da descoberta do arqueólogo Giuseppe Fiorelli, que
assumiu as escavações nos anos 1860. Ele percebeu que os ocasionais espaços
vazios entre as camadas de cinza correspondiam a corpos decompostos e, mediante
a técnica de injetar gesso nesses “moldes”, recriou os formatos das vítimas no
momento em que tiveram suas vidas ceifadas por nuvens de cinzas e pó.
Pompeia |
O que restou dos melhores achados em
Herculano e Pompeia (ouro, jóias, esculturas, afrescos e mosaicos que escaparam
dos roubos, saques, períodos de abandono e até bombardeios durante a II Guerra),
está hoje no Museu Nacional de Nápoles.
Atualmente, continuam a ser feitos
trabalhos de escavações, mas os objetos encontrados ficam de preferência no
próprio local em um pequeno museu na entrada das ruínas. Por isso, ainda resta
muito a ver em ambos os sítios arqueológicos.
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Dicas/experiências:
Turismo – http://www.pompeiisites.org/
A partir de Nápoles (estação Central,
trem Circumvesuviana rumo Scavi-Pompei), a estação de Herculano é a primeira
parada. Escolhemos seguir antes a Pompeia, mas não foi uma boa. Quando chegamos
a Herculano, à tarde e já pensando na volta a Nápoles, estávamos cansadas pelas
longas caminhadas e não pudemos aproveitar tanto. Herculano, melhor preservada, parece mais
bonita, colorida e interessante.
Museu Nacional de Nápoles -
- http://www.marketplace.it/
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