Caminhos de arte e cultura fotos by: Ira
A capital gaúcha faz
parte da minha vida. Primeira “cidade grande” que conheci. Porto onde ancorei
meus sonhos ainda adolescentes e ao qual volto com a frequência das estações
para novos fretes.
Porto Alegre é pródiga em referências artísticas e culturais e uma das maneiras que me agradam de descobrir isso são as
caminhadas orientadas do programa Viva o Centro a Pé.
Pelo trajeto, professores
universitários e estudiosos de história, arquitetura e artes dão verdadeiras
aulas e vão narrando aspectos importantes da cidade e de seu centro histórico
em processo de revitalização: ruas, prédios, monumentos e
épocas. As caminhadas são realizadas duas vezes por mês, sempre aos sábados,
com ponto de partida no totem do
Caminho dos Antiquários na Praça Daltro Filho. É preciso fazer inscrição prévia (site:) e doar um quilo de alimento não-perecível.
Praça da Matriz, Porto Alegre,
Monumento a Júlio de Castilhos
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Décadas depois de ter saído de Porto Alegre, é com satisfação que percorro de novo aquelas ruas dedicando a tudo um olhar mais curioso, mais atento, mais interessado, agora como turista. Já consegui encaixar vários passeios nas minhas curtas estadas e, entre outras atrações, conheci melhor a Praça da Matriz e seu entorno (Palácio Piratini, Catedral, Solar dos Câmara), o Aeromóvel (com a presença do criador, Oscar Koester, que até deu entrevista) e a Igreja das Dores (com brinde de audição de um quarteto de cordas naquele cenário privilegiado).
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O último passeio do qual participei teve um roteiro um pouco diferente: o grupo foi acomodado num ônibus que nos levou até os cemitérios da Santa Casa e Evangélico. Sob orientação da Professora Luiza Fabiana Neitzke de Carvalho, pesquisadora da arte funerária, a proposta era contemplar os aspectos históricos das obras que compõem o acervo de ambos os locais.
Monumento a Júlio de Castilhos (detalhe frontal, obra de Décio Villares, mesmo autor do monumento da Praça da Matriz) |
Semelhante ao que se encontra no Père-Lachaise, em Paris, ou no La Recoleta, em Buenos Aires, as duas necrópoles guardam tesouros em obras e monumentos de personalidades políticas e artísticas que fazem parte da história gaúcha e do país.
O cemitério da Santa Casa
de Misericórdia foi o primeiro cemitério público “extra-muros” e é, ainda hoje,
o maior da cidade. Foi construído em 1850, de acordo com os preceitos
higienistas da época, em região alta e descampada, em substituição ao costume
anterior de sepultar os mortos junto à igreja.
Monumento a Otávio Rocha |
A arte
tumular ocorreu em Porto Alegre no período entre o final dos anos 1800 e 1940,
atraindo artistas estrangeiros e artesãos locais. Era o apogeu do governo positivista, cujo pensamento
inscrevia-se em monumentos públicos e jazigos imponentes em torno dos quais realizavam-se
verdadeiros cultos cívicos. Destaques para os mausoléus de Júlio de Castilhos,
Pinheiro Machado e Otávio Rocha.
Estádua (em tamanho natural) do cantor Vítor Matheus Teixeira (Teixeirinha) |
O acervo
escultório do Cemitério da Santa Casa reúne mais de 300 obras de valor
significativo, sendo apropriadamente considerado um museu ao ar livre. As obras podem ser classificadas em: tipologia cristã (anjos, crucifixos e pietás), alegórica (representações da
dor e pranteadoras), princípios religiosos (representações da fé, coragem,
esperança) e cívico-celebrativa, (mausoléus de personalidades políticas).
O Cemitério Evangélico (comunidade germânica) está completando 150 anos em 2012 e faz parte da História do Rio Grande do Sul sob o viés da colonização alemã. Apresenta traços de estilo gótico e a atmosfera é a de um jardim tranquilo e bem cuidado. Reúne igualmente trabalhos em mármore e bronze de grande beleza.
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Dicas/experiências:
Turismo – Caminhadas orientadas
gratuitas pelo centro histórico de Porto Alegre – (site):
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Maravilha!
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