Reverência a Monet (descontada a paixão explícita)
Entre os passeios de
um dia que se pode fazer a partir de Paris, visitar o vilarejo de Giverny (a cerca de 75 km) garante um
encontro inesquecível com a arte e a natureza. Conhecer o Museu dos
Impressionistas e a casa onde viveu Claude
Monet é parte da experiência que, no meu caso, transformou-se em emoção
pura quando me deparei com as obras e os (inspiradores) jardins criados pelo
grande mestre.
Fomos “por conta”, minha amiga Lais e eu. Saímos de trem, pela manhã, da Gare Saint-Lazare,
o que já valeu como uma prévia da atmosfera impressionista, pois a estação - descontada a passagem dos séculos - não
está muito diferente da época em que foi pintada em vários quadros por Monet.
Na direção Rouen/Le Havre, é preciso
descer em Vernon. Logo em frente à estação, a poucos passos, há ônibus
regulares (€ 5) e táxis (€ 15) aguardando para levar os visitantes até Giverny (cerca de 7km). Tem corajosos
que vão de bicicleta (podem ser alugadas nos cafés próximos) ou a pé. Deve
valer a pena, pois a paisagem é parte integrante nesse tipo de programa,
especialmente se for primavera. O Museu, aliás, fica aberto ao público somente durante
sete meses, de abril a outubro.
foto by: Ira
foto by: Ira
Monet
estabeleceu-se em Giverny com a mulher
e os filhos em 1883 e ali viveu seus últimos anos antes de morrer, em 1926. A propriedade
passou dos herdeiros para a Academia Francesa de Belas Artes que, pela Fundação
Claude Monet, abriu o local ao
público após intenso trabalho de restauração.
Pode-se percorrer as diversas dependências: vários quartos, e estúdio (reproduzido com detalhes de cavaletes e obras), sala
de jantar e cozinha, entre outras, distribuídas por dois pavimentos. Das
janelas superiores, se vê as árvores frutíferas e ornamentais e os jardins,
cenário ao qual o artista se ateve para expressar sua imensa genialidade.
foto by: Lais Legg
foto by: Lais Legg
Lá fora, o pomar e as flores se esparramam na paisagem circundante, com recantos que se refletem numa pequena lagoa e por onde se vai reconhecendo, aqui e ali, o modelo original de tantos quadros famosos: a ponte japonesa, os salgueiros, as nynpheas, os narcisos, os jacintos, as glicínias.
Como nenhum outro
ousara, o artista criava seus modelos-vivos com a ajuda da natureza e depois
eternizava essa obra conjunta em telas de beleza incomparável. Parecia querer
captar cada tom enigmático e mutável das plantas em sua discreta inquietude cotidiana
de absorver a luz. Depois, enquadrava-as entre sombras e reflexos.
O corpo de Monet está sepultado no cemitério da igreja local. Caminhar pelas ruas quase vazias do pequeno vilarejo é uma experiência interessante, quase viajei no tempo imaginando como seria tudo no passado. Minha amiga e eu nos perdemos e tivemos que perguntar às pessoas do lugar onde era o ponto dos ônibus para retornar a Vernon.
---
Os traços, as cores
e as perspectivas de Monet atingem o ápice da minha exigência (e capacidade) estética. São um bálsamo para os meus olhos, não canso de ver e rever e quero sempre mais do mesmo.
Tenho na parede da sala duas reproduções dadas por
pessoas que amo demais e que foram muito felizes na escolha. Com elas, renovo diariamente meu fanatismo:
La Promenade
Madame Monet et un enfant dans le jardin
---
Dicas/experiências:
Obra completa, site oficial (atende solicitação de
reproduções).
---
Nenhum comentário:
Postar um comentário