Cagliari, cidade do sol, ao sul da Sardegna foto by:
Porto de Cagliari |
Uma viagem de 12 horas num navio leva-me à Sardenha, terra de onde meu trisavô teria partido para o Brasil há mais de
150 anos. Desci com um sorriso nos lábios, que logo se desmanchou quando vi os
demais passageiros se afastando aos poucos pelo cais até ficarmos apenas minha
mala e eu num porto vazio. Não fazia a mínima idéia para qual lado seguir. Saí
arrastando a mala, rec, rec, rec pelas ruas... Tudo fechado, ninguém nem assomava
à janela. Era domingo! Lição que aprendi no susto: aos domingos, em grande
parte das cidades italianas é assim mesmo, nada funciona, é o sagrado dia de
descanso.
Romina e eu |
Instalei-me
num albergue indicado por um taxista em pleno centro histórico da capital, Cagliari, e saí para uma volta de
reconhecimento. Logo nos primeiros passos
encontrei duas italianas (Romina e sua mãe), que também subiam as escadarias da
fortaleza Bastione di Saint Remy, de
onde se desfruta uma vista panorâmica da cidade. Puxei conversa, terminamos passando a tarde
juntas. Conheci duas simpáticas cicerones que repassaram dicas preciosas para
minha estada ali.
Todo o perímetro do bairro histórico do Castelo é circundado por muros que incluem duas torres de defesa ainda preservadas: São Pancrácio (construída em 1305) e a do Elefante (de 1307).
Torre dell'elefante, Cagliari |
Os dias que passei em Cagliari foram dedicados a caminhadas e tentativas de pesquisar alguma coisa sobre meu ancestral, infelizmente sem sucesso. A capital da Sardenha é simpática e muito tranqüila e eu não cansava de passear pelas suas ruas estreitas. Meus itinerários preferidos: sentar em um dos bares e cafés da praça Yenne, ou tomar um sorvete na Via Roma, cujas boutiques atraem como moscas os turistas que chegam de navio e saem direto do porto para as suas galerias. Ah, a culinária sarda, baseada em peixes e frutos do mar pescados no local era uma atração à parte.
O transporte público é bom. De ônibus,
conheci alguns bairros mais distantes e fui até à badalada praia Poetto, a poucos quilômetros de Cagliari
e uma das tantas com areias brancas e águas cristalinas que envolvem toda a ilha
da Sardenha. O jardim do Horto Botânico, criado em 1865, tem plantas tropicais
do mundo inteiro e é um ótimo local para descansar à sombra.
fotos by: Ira
fotos by: Ira
Cagliari, vista do alto da Basílica de Nossa Senhora de Bonaria |
A Basílica de Nossa Senhora de Bonaria, no alto de uma colina, proporciona uma vista particularmente interessante de Cagliari e de seu porto.
Aliás, a Virgem de Bonaria teria dado origem ao nome da capital argentina, Buenos Aires, que abriga grande contingente de imigrantes italianos. Seu santuário em Cagliari foi levantado para os marinheiros, que também a veneravam em Cádiz, no sul da Espanha. (“Bonaria” teria passado do italiano pela castelanização “buen aire”).
Monumento à viúva Todde |
Vale também uma visita ao Cemitério Monumental de Bonaria, nas
proximidades, quase uma galeria de arte ao ar livre reunindo uma estatuária em
mármore das mais belas que tive oportunidade de ver. Um dos monumentos, o da viúva Todde, representa uma senhora com um xale rendilhado, em mármore, que mais parece tecido com fios de seda.
Cemitério de Cagliari, Monumento a Francesca Warzee, perfeição talhada em mármore |
A variedade de estilos, do neoclassicismo, ao realismo e simbolismo, reflete a vibrante cultura da época traduzida em obras de arte produzidas por grandes artistas da segunda metade do século 19 e das primeiras décadas do século 20. Escavações mostram que a área foi utilizada como cemitério desde as eras
púnica e romana. O local, no entanto, apesar de atrair turistas, (é preciso
agendar previamente visitas guiadas) está descuidado.
A Sardenha é famosa pelas
suas praias, especialmente a Costa Esmeralda (ao norte), ou o arquipélago La Maddalena. Mas tem outros locais
interessantes como os sítios arqueológicos (nuraghi)
e a vila catalã Alghero, na província
de Sassari. Trens interligam as
principais províncias. Os meses de julho e agosto são os que mais atraem
turistas. A língua oficial é o italiano, mas quase todos são bilíngues e falam
também o sardo (língua românica com influências do fenício, etrusco e até do
basco).
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Dicas/experiências:
Turismo: site oficial -
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