El Camino no meu caminho fotos by: Ira
A tradição afirma que “o Caminho
começa quando você sai da porta da sua casa”. É a frase que mais se ouve ao
perguntar pelo melhor ponto para iniciar a aventura ou qual seria o melhor
trajeto. Então, o meu começou há alguns anos, quando resolvi viajar por aí por
minha conta e meio sem rumo. Até o dia em que El Camino (também conhecido
como Via Láctea) estava não só na minha porta, mas sob os meus pés. Eu entrei
nele do meu jeito: sozinha, despacito, a passeio.
Catedral de Santa Maria em Pamplona |
Explico: nas minhas andanças vim
parar em Pamplona no norte da Espanha (curiosidade ligada ao meu sobrenome). Durante
os festejos de San Fermín (quando soltam touros pelas ruas), conheci uma
sul-africana que estava a caminho de Santiago e achei interessante. Só então,
descobri que a cidade é uma das portas do chamado “caminho francês”, uma das
rotas usadas pelos peregrinos que se dirigem a Santiago de Compostela e
que entram na Espanha provenientes da França. Eu estava palmilhando o caminho
há meses sem me dar conta.
Pamplona é um dos marcos para quem
percorre este trajeto na direção de Santiago. Há séculos os peregrinos que
fazem o “Caminho Francês” (partindo da cidade francesa fronteiriça Saint-Jean-Pied-de-Port) chegam a Pamplona ao atravessar a Ponte de la Magdalena e se
defrontam com as muralhas da cidade.
Portal de Francia |
Assim que atravessam o Portal de Francia,
chegam ao centro histórico e, logo, avistam a Catedral de Santa Maria com sua
fachada neoclássica e seu claustro gótico.
Um passeio pelo chamado Casco
Antiguo tem atrações como o Palácio dos Reis de Navarra, a Capela de San Fermín
(na Igreja de San Lorenzo), o prédio de fachada barroca da Prefeitura (el
Ayuntamiento) e a Plaza del Castillo.
Ayuntamiento (Prefeitura) |
Para começar, eu fiz apenas o trecho
que atravessa a Capital de Navarra e que percorre cerca de 10 km sempre na área
urbana. De Pamplona a Santiago, minha amiga levou uns 15 dias, caminhando uma
média de 20 a 30 quilômetros por dia. Fui até uma estradinha antes de
atravessar a Ponte Magdalena e chegar ao Portal de Francia para ter a visão de
um legítimo peregrino, embora sem mochila e sem cansaço.
Portal da Taconera |
Ao longe, na estrada que vem
atravessando montes e campos de plantação já se enxerga a cidade. Dentro do perímetro
urbano o itinerário é todo sinalizado com marcos de metal com o símbolo da vieira.
Na parte rural, há setas amarelas em muros, postes, ou até no chão, que vão
guiando o caminhante até o próximo ponto. A concha amarela é vista também em
pousadas, hotéis, albergues e locais que recebem os peregrinos e repassam
informações.
O último trecho, já saindo da cidade, leva em direção ao próximo ponto de chegada dos peregrinos: Puente de la Reina. Há vários percursos diferentes que
levam a Santiago de Compostela, o Caminho Francês inicia na Espanha em
Roncesvalles e passa por Pamplona, cidade que ainda preserva seu perfil
medieval, com suas pontes de pedra, muralhas, fossos e portais ainda com mecanismo das antigas pontes levadiças.
Pode-se percorrer o Caminho como turista, ou
como peregrino, a pé, de bicicleta, alguns trechos de ônibus ou trem. Mas, para
comprovar a peregrinação com sentido espiritual ou cristão, é necessário ter um
passaporte que vai recebendo um carimbo ao longo dos trechos quando o
caminhante passa por igrejas, hotéis e albergues. É necessário ter pelo menos
um carimbo a cada dois dias para atestar o trajeto ou, antes de chegar a
Santiago, cumprir pelo menos 100 quilômetros a pé.
Última ponte, já no trecho final, que leva à saída de Pamplona |
Em dias diferentes, fiz um
mini-roteiro particular, visitei algumas outras cidades e cheguei a me
encaminhar para Santiago. De trem, estive em Burgos, Carrion de Los Condes,
Valladolid, Leon, Salamanca e Oviedo. Mas, por conta de um pequeno imprevisto,
retornei a Pamplona sem ter meu Passaporte de Peregrina carimbado em Santiago
de Compostela. Mas, quem sabe, um dia desses?
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