“Quem pode
afirmar ter visto a cidade mais bonita do mundo sem visitar Esfahan?” André
Malraux.
Foto by:
Mansour Ghasemi
Esfahan-the never-ending splendour
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Sem
dúvida, Isfahan está no topo entre as cidades mais bonitas que conheci. São
tantas as belezas da antiga capital da Pérsia que um poeta a descreveu como “a
metade do mundo” aproveitando a rima em farsi para ‘Esfahan’ + ‘nesf-e jahan’ .
Traduziu assim a cidade de forma preciosa e concisa.
Praça Imã Khomeini foto by: Zélia Leal |
A
Praça Imã Khomeini se esparrama como
um vasto tapete sobre um quadrilátero ajardinado que, inevitável, faz a gente
pensar que está mesmo num cenário das Mil
e Uma Noites: reúne um Palácio Real (Ali
Qapu), duas mesquitas (Iman e Sheik Lotfollah)
e um portal para o Grande Bazar,
cujos corredores perfazem cerca de 5 quilômetros e levam até à cidade antiga e
seus minaretes.
Palácio Ali Qapu |
Foto by:
Mansour Ghasemi
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Mesquita das Mulheres (Sheik Lotfollah) |
Meus
olhos acostumados à estética ocidental precisaram de uma adaptação rápida
quando cheguei ao Irã e, mais especificamente a Isfahan. Foi uma experiência estonteante ver as cúpulas esmaltadas
e coloridas das mesquitas, as arcadas multiformes, a simetria desafiada em
ângulos e desníveis. Caligrafias minuciosas com inscrições de versos do Corão recobrem portais, fachadas e domos azulejados. É uma profusão
de novas formas que se revelam em torres, pontes, colunatas. A arte manual
atinge a perfeição em madeira, osso de camelo, metal, tecidos, pincéis,
miniaturas.
Palácio Ali Qapu foto by: (www) Sala de Música |
A percepção
espacial fica estranha: os palácios são pequenos se vistos de fora e enormes
quando estamos em seu interior. Escondem amplos salões, corredores, quartos
ocultos, gelosias.
A guia nos leva até a Sala de Música, no sexto pavimento do Ali Qapu. Nichos de gesso no teto e nas
paredes mostram a posição exata para cada instrumento e não se trata apenas de capricho
estético. Sem a parafernália sonora moderna, a concepção acústica refinada
permitia, no século 17, que o som fosse ouvido no pavimento térreo pelos
convidados do império safávida.
Outra
demonstração da excelência persa em termos de arquitetura e engenharia pode ser
admirada no interior das mesquitas. Em uma delas, postamo-nos no centro de um grande
salão, naquele instante cheio de turistas e visitantes. A guia pediu atenção,
abaixou-se num determinado ponto e estalou os dedos com força no folheto que
tinha nas mãos. Imediatamente ouvimos aquele estalo se multiplicar e reverberar
em ondas e subir pelas paredes com a nitidez impressionante do rufar de asas de
pombos assustados. É para que, durante a oração, os versos do Corão
sejam replicados da mesma forma.
fotos by: Ira
fotos by: Ira
Ponte Khaju |
O rio
Zavandeh serpenteia pela cidade e é
cortado por mais de 10 pontes. Algumas existem desde os tempos da Rota da Seda, da qual Isfahan foi
um ponto vital e rivalizam entre si em termos de beleza, como a Sharestan (mais antiga, construída
provavelmente no Séc. 12), a Si-o-Seh (dos 33 Arcos, a maior e
provavelmente mais famosa) e a Khaju
(preferida pelos enamorados, os rapazes costumam recitar poesias no local).
Palácio das 40 colunas |
Fiquei
de queixo caído com a beleza do Palácio das 40 colunas (construído no século 17).
Depois, visitamos o bairro armênio Julfa,
repleto de bares, restaurantes e cafés que estão entre os preferidos dos
turistas.
Nossa guia nos acompanhou durante um dia inteiro a percorrer as ruas da cidade e,
especialmente o Grande Bazar, um dos maiores e mais antigos do Irã. Ali,
encontra-se uma seleção dos produtos artesanais
persas, desde tapetes, cerâmicas,
peças em osso de camelo, miniaturas, marchetaria, tecidos pintados e
especiarias, entre milhares de outros.
Evitando repetir a experiência de voar num Fokker 100 da Iran Air (embora afirmem que seus pilotos são verdadeiros ases do manche), optamos por retornar a Teerã de ônibus, para nossa surpresa extremamente confortável e com direito a lanche. Chama a atenção constatar que a rodovia, ampla e em excelente estado de manutenção, é iluminada em toda sua extensão até a capital (mais de 450 km) mesmo nos trechos que margeiam o deserto.
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