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Capri - Parte I (Grotta Azzurra)


Um sonho anil-turquesa                                                                 fotos by: Isadora Pamplona

          Aproveitamos a estada na capital da Região da Campanha para conhecer a mais famosa das ilhas do Golfo de Nápoles: Capri. Há horários regulares de transporte marítimo partindo do porto em direção à Costa Amalfitana e ao Golfo de Sorrento. Embarcando cedinho pela manhã, dá para fazer passeio de um dia à ilha , incluindo a famosa Gruta Azul.
   Il Faraglioni
          

          Aos poucos, a baía napolitana vai ficando para trás...



          O rastro das hélices rabisca duas fendas nas águas do mar Tirreno enquanto o perfil estranho e onipresente do Vesúvio cresce diante dos olhos no horizonte.
          A viagem dura cerca de uma hora até avistar aquelas duas rochas de formato peculiar (Il Faraglioni) que identificam a ilha de Capri. As pessoas do lugar gostam de dizer que ali Ulisses teria escutado o canto das sereias. 
          Aproximamo-nos dos paredões da ilha rochosa sempre vestida com seu manto colorido de casas, ruínas romanas, jardins, lojas e restaurantes chics.                                                                                                                       
          Assim que chegamos no porto da Marina Grande,  tratamos logo de acertar um barco para nos levar (cerca de 10 minutos) à principal atração da ilha, a Gruta Azul. Evitávamos assim a multidão de turistas que acordariam um pouco mais tarde ou a maré desfavorável. 
          É que a entrada da gruta é bem pequena (menos de um metro de altura por dois de largura), a gente precisa passar para um barco ainda menor, a remos. 
          Próximo da entrada tem fila de barcos maiores aguardando a vez de "despejar" turistas nos barcos menores.
          O minúsculo arco irregular escavado na rocha só permite a entrada de uma embarcação. Passam apenas – todos deitados no fundo – o barqueiro e, no máximo, quatro turistas. Para entrar, os experientes condutores precisam pegar impulso agarrados a uma corrente. Mas, se o mar estiver muito agitado, nada de passagem e a oportunidade está irremediavelmente perdida, a menos que se pretenda visitar Capri uma segunda vez.
Gruta Azul
          
          Lá dentro – no imenso desvão escuro, oco e líquido - usei meu sagrado direito de entregar-me à emoção da beleza inesperada. Fios tênues de luz violeta entram não sei por quais fendas da caverna e deixam aos poucos entrever a água, os outros barcos, os remos, tudo filtrado pelos matizes de um celeste resplandescente.
          Os barqueiros começam a cantar o Sole mio! Não consigo mais enxergar direito, meus olhos ficam marejados, gotas violetas, águas-marinhas, turmalinas e safiras. 
          Uma explicação mais simples e realista diz que o fenômeno ocorre por conta de uma fenda na rocha por baixo da água exatamente sob a entrada. É por ali que a luz do sol passa e esparge azul de baixo para cima pelas paredes da rocha e no poço marinho em cima do qual os barcos flutuam.
                                                                Foto by:
          O êxtase dura pouquíssimos segundos (lá fora, uma enxurrada de turistas japoneses com suas câmeras esperam a vez de focar os cristalinos). Conseguimos entrar entre os primeiros grupos porque um marinheiro nos deu a idéia de uma “vaquinha” para arrecadar alguns euros. É bem possível -  suponho, já que não entendo nada do dialeto napolitano – que tenhamos subornado um barqueiro. De qualquer forma, na saída, eles pedem uma gorjeta (que mais não seja pela performance para embalar turista do Sole Mio). Estando em Capri, é possível chegar à gruta também de ônibus, ou caminhando, embora o trajeto seja bem puxado.  É preciso descer do alto do penhasco por uma escada de madeira e depois seguir adiante pela água.
                                                                                                                                                   Foto by:
          
          A Gruta Azul é conhecida desde os tempos do Império Romano, época em que Capri foi escolhida como morada temporária pelos imperadores Augusto e Tibério. Depois, a gruta permaneceu meio esquecida por muitos anos. 
          Embora moradores e marinheiros soubessem sua localização, evitavam ir até lá porque lendas populares descreviam-na como lugar infestado de espíritos. 
          Em 1826, acompanhados de um pescador, o escritor alemão August Kopisch e o pintor Ernst Fries visitaram o lugar. Voltaram de lá encantados e descreveram as maravilhas da Gruta Azul que, a partir de então, tornou-se quase um ponto obrigatório de peregrinação para quem visita Capri.
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