A riqueza barroca da cidade dos Profetas fotos by: Ira
Extasiar-me diante do barroco e
do rococó, já se sabe, delimita minhas preferências e meus escassos
conhecimentos sobre artes. Sempre quis ver de perto aquelas obras majestosas do
grande mestre brasileiro Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido pelo apelido
de Aleijadinho. Acalentado durante
décadas, tive esse desejo materializado há pouco, quando decidi proporcionar-me
um (sempre breve demais) circuito por algumas das cidades históricas mineiras.
É nas
igrejas de Minas Gerais que está guardada a expressividade máxima do barroco
nacional, especialmente nas esculturas em madeira e pedra-sabão de Aleijadinho
e na pintura do mestre Ataíde (Manuel da Costa Ataíde).
O conjunto arquitetônico e
paisagístico do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, formado pela
basílica e seu adro (onde estão espalhadas as estátuas dos profetas, em tamanho maior do que uma pessoa real),
mais as seis capelas com cenas da Paixão de Cristo, pertence ao Patrimônio Cultural
da Unesco e tornou-se conhecido no mundo inteiro.
A arte sacra e, dentro dela, a
arquitetura, a escultura e a pintura (mais que a literatura ou a música) foi a
alavanca para o desenvolvimento do barroco brasileiro, que encontrou aqui
situação adversa e bem diversa daquela européia. A formação artística era
precária, os grandes mestres contavam, as mais das vezes, com auxiliares
artífices arregimentados entre escravos e índios (especialmente nas missões
jesuíticas do Sul).
Foi emocionante de verdade ver aqueles guardiões altivos e anacrônicos perscrutando os horizontes, postados nos altos do morro do Maranhão.
Quisera decifrar sua muda e eloquente mensagem, há séculos repetida em ecos pelas serras das Gerais, gestos enigmáticos que apontam para os céus com seus braços (alguns decepados pelo tempo).
Só não sabia que meu sonho seria bem
curtinho (não menos intenso), resumindo-se a uma passagem meteórica pelo
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos e uma dança apressada por entre os 12
profetas. Um olho na câmera, um no relógio, que terminou por fazer-me sair dali
sem ter admirado tudo. Imperdoável.
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Dicas/experiências:
Dicas/experiências:
Como
chegar: foi bem difícil incluir Congonhas (a 70 quilômetros de Belo Horizonte) no
pacotinho particular que costurei com informações de itinerários e horários de
ônibus tiradas da internet. Recebi informações contraditórias também nos
balcões das rodoviárias. Optei por fazer um bate-e-volta a partir de São João
Del Rey (depois fiquei sabendo que era possível prosseguir de Congonhas a Ouro
Preto, via Ouro Branco ou Conselheiro Lafayete).
Enfim, diante do pouco tempo
disponível, cheguei na pequena estação, contratei um táxi para me
levar à Basílica e logo de volta à rodoviária, de onde retornei a São João Del
Rey apenas para seguir dali até Ouro Preto.
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