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Cantuária (Canterbury)


Caminhos da Literatura                                                                                        fotos by: (www)
Canterbury









           De Canterbury, além da inspiradora atmosfera de aldeia medieval e de sua majestosa catedral, guardo o sabor indescritível de ter sido a primeira pequena cidade que conheci no Reino Unido. Como bem definiu minha filha, em cada país as pequenas cidades se parecem e conhecer uma delas é ter uma boa idéia das outras. Saímos de Londres cedinho pela manhã, peguei carona num ônibus fretado pelos alunos de uma universidade (minha filha trabalhando como guia).
          
          Em pouco mais de uma hora de percurso, chegamos ao lugarejo que durante séculos foi o destino de milhares de peregrinos cristãos. Este é o tema, aliás,  de Contos de Canterbury, do poeta inglês Geoffrey Chaucer: um grupo de peregrinos a caminho do santuário. Pena não ter feito uma pesquisa antes, teria aproveitado melhor os aspectos históricos e detalhes, especialmente da  Catedral.
          A Cantuária, no Condado de Kent, foi um importante centro administrativo romano antes de se tornar o prestigiado centro da Igreja Católica na Inglaterra. De Londres, pode-se tomar um trem nas estações St. Pancras, Victória ou Charing Cross. Da estação local, uma pequena caminhada leva ao centro da cidadezinha, cujo coração é a Catedral.
          Santo Agostinho teria chegado a Canterbury em 597 como missionário, enviado pelo Papa Gregório para converter os anglo-saxões ao cristianismo. Ele teve sucesso, criou a diocese da Cantuária e foi seu primeiro arcebispo. Outro arcebispo, Thomas Becket, foi assassinado no interior da catedral, sendo canonizado alguns anos depois. A partir de então, o local começou a atrair visitantes, transformando-se no centro de peregrinação mais importante da Europa.                                                                         foto by: Isadora Pamplona 
Corredores do claustro da Catedral de Canterbury
          
          O prédio, construído em 1070 sobre as ruínas de uma antiga capela, ampliado e reconstruído várias vezes, acumula diversos estilos arquitetônicos. Depois de um incêndio em 1174, foi reconstruído com desenho gótico e inclusão de arcos botantes e pontiagudos. Abriga uma cripta românica do século 11 e seus vitrais, dos séculos 12 e 13, representam histórias medievais e ilustram milagres atribuídos a St. Thomas.
                               
foto by: (www)
Santo Agostinho
          


          A catedral, a Abadia de Santo Agostinho e a Igreja São Martinho estão arroladas como Patrimônio Mundial da Humanidade. Durante a Segunda Guerra Canterbury sofreu destruições causadas pelos bombardeios aéreos, mas os vitrais foram preservados, pois haviam sido removidos pelos habitantes e a catedral não sofreu maiores danos. Assim, muitas peças originais ainda podem ser vistas. Destaque para a beleza dos jardins circundantes.
          A parte antiga da cidade mostra ruazinhas e parques encantadores. Os jardins públicos das proximidades da catedral são repletos de caminhos para passeios até às margens do rio Stour, que se destaca na paisagem enfeitada por salgueiros e flores silvestres. São oferecidos tours de barcos que deslizam suaves pelo canal e pelas curvas do rio, ao lado de patos, cisnes e seus filhotes. Andar a pé é também uma boa forma de conhecer a cidade.
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Dicas/experiências:
Turismo: (www), (www), Catedral (www).
http://viagemreinounido.wordpress.com/
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Marselha


Portal da Provence                                                                                                  foto by: (www)
Intérieur du port de MarseilleClaude Joseph Vernet (1754),
             Óleo sobre tela, Musée National de la Marine
                                    Dépôt du Musée du Louvre

          A pintura de Vernet se parece com a idéia que eu havia construído para mim mesma do Vieux Port de Marselha. 
     Felizmente, guardadas as proporções e a passagem dos séculos, a imagem atual sobrepõe-se quase perfeitamente ao perfil do meu imaginário.
       Cheguei na cidade cheia de expectativas, mal larguei a bagagem no hotel e corri até chegar lá, os olhos se encheram de lágrimas. Quem há de explicar?  Foi como reencontrar um amigo a quem eu não visse por longos anos. E de certa forma, foi assim, vi com meus próprios olhos um lugar que eu "conhecia" pelos livros.
Marselha, vista do alto da Basílica de Notre Dame da la Garde

          




          Ali mesmo peguei um trenzinho turístico para um passeio que leva até a Basílica de Notre Dame da la Garde, no alto de uma colina de onde se descortina uma impressionante vista panorâmica. 








          



          Misto de catedral e fortificação, com ponte levadiça e torres, o prédio tem linhas bizantinas e mármore italiano e é encimado por uma estátua dourada da Virgem com cerca de 10m. Por uma imensa escadaria chega-se à esplanada e, por toda a volta, há vários pontos de observação para ver a cidade do alto.



Vieux Port

           

                             
          
          Fundada pelos gregos em 600 a. C., Marselha mantém até hoje lugar de destaque histórico e estratégico, pois ali fucniona o mais importante porto do país. 
          O Vieux Port, por sua vez, passou a funcionar como atracadouro e ponto de partida para cruzeiros pelo Mediterrâneo e passeios às ilhas do arquipélago Friuli e às Calanques. Andar pelo cais repleto de restaurantes e pelas ruas do bairro foi uma experiência marcante.
          No embarcadouro, uma miríade de barcos, lanchas, iates e navios disputam espaço. Entre as atrações de Marselha estão a avenida La Canabiere com suas lojas e os personalíssimos bairros de Estaque e Panier. Vale ainda passear pelos portos, praias e mercados para aproveitar a variedade da gastronomia da Provence.     
          Com seus mais de 50 km de litoral, Marselha faz a alegria dos banhistas com suas praias e oferece locais privilegiados para os esportistas, com tradição em sediar eventos náuticos internacionais (iatismo, velas, regatas). A cidade será a Capital Europeia da Cultura em 2013, com centenas de manifestações artísticas e culturais ao longo do ano.
          Bom lembrar que a população local teve participação marcante durante a Revolução Francesa, quando um grupo de 500 voluntários marchou para Paris, em 1792, para ajudar a defender a causa dos rebeldes. No caminho, entoavam a canção que ficou conhecida como La Marseilleise e que foi transformada no Hino Nacional da França.
         Marselha, vista do alto da esplanada da Basílica Nossa Senhora de La Garde
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Dicas/experiências:
Turismo:
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Ilha (e castelo) d’If


Caminhos da literatura                                                                                 fotos by: Ira 
Vieux Port

          O Velho Porto de Marselha jamais seria comum, é o coração misterioso da mais antiga cidade francesa. Não bastassem sua história milenar e a importância estratégica, foi cenário de romances, filmes, poesias, pinturas. Rimbaud trabalhou como estivador no cais, o azul da baía entrou nos quadros de Cézanne. Dali partem, diariamente, cruzeiros em direção ao Mediterrâneo e barcos de passeio pelo arquipélago Friuli, bem pertinho. 

Vieux Port

          

















Castelo d’If

          

          

          A fortaleza de If, a menor das quatro ilhas do arquipélago Friuli, serviu de prisão para o personagem de O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. 
          Com esta senha, juntei-me aos grupos de turistas do mundo inteiro que, diariamente, descem a intervalos regulares no pequeno atracadouro do Castelo d’If. 
Castelo d’If



          
          


          
          

          Mesmo sabendo que jamais existiu o prisioneiro Edmond Dantès, os turistas procuram pela sua cela e, sim, existe uma com este nome, inclusive com o túnel por ele escavado e que levava ao cubículo contíguo onde ele se encontrava com o abade Faria (momento de dar asas à imaginação e fazer fotos). 
          Muitas celas conservam placas com o nome do seu antigo ocupante devido ao peculiar costume da época de confinar os pobres em masmorras insalubres enquanto aos presos ilustres eram oferecidas condições confortáveis (mediante pagamento) em aposentos privados com direito a banheiro, biblioteca e até lareira.




          O castelo de If ganhou notoriedade com os heróis de Alexandre Dumas e tornou-se destino turístico popular. Entre seus visitantes e hóspedes mais célebres, lendários ou fictícios, constam: Mark Twain, O Homem da Máscara de Ferro, o Marquês de Sade, o general Kléber (encarcerado por ordens de Napoleão) e o conde Mirabeau.
          Até o século 16, If era apenas uma ilha desabitada que servia de eventual refúgio para pescadores. Em meados dos anos 1520, o rei Francisco I, por razões estratégicas mandou construir um castelo sobre as rochas como sistema defensivo. O local, rodeado por fortes correntes marítimas, tornou-se em pouco tempo cárcere ideal à prova de fugas. Transformada em prisão do Estado em 1634, para lá foram levados presos políticos e religiosos (protestantes), rebeldes, piratas e escravos fugidos das galés. Depois de perder o caráter de prisão, no final do século 19, o local foi aberto ao público em 1890.
          O Chateau d’If está relacionado como monumento histórico da França. A ilha de If tem cerca de 30 mil metros quadrados e é cercada por muralhas altas sobre os penhascos ao redor. O castelo ocupa um quadrado de três andares, num edifício de 28m de comprimento de cada lado, ladeado por três torres com seteiras para armas de grande porte.
Marselha, vista da ilha de If
          Desde 1971 o Arquipélago Friouli pertence à cidade de Marselha. Suas ilhas são refúgio para aves marinhas, entre elas a espécie de gaivota Cáspio que constrói seus ninhos nos rochedos ao redor do Castelo d’If. Por este motivo, há avisos para que os turistas tomem cuidado e evitem aproximar-se, especialmente quando as aves estão em épocas de procriação e podem se tornar agressivas.
          Mas, enquanto aguardávamos o próximo barco para retornar a Marselha, elas nos fizeram excelente companhia.
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Dicas/experiências: 
Turismo: (www) - 
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