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Amsterdam (tour Red Light District)


As janelas e as luzes de Amsterdam – Parte I                                                    fotos by: Ira
Warmoesstraat

         Endereço do hotel na mão, procurava a Warmoesstraat. Quando me dei conta, tinha ido parar na área do principal Red Light District (Bairro da Luz Vermelha) de Amsterdam, um dos enigmáticos símbolos da tolerância holandesa. 
          O que não se vê, ou se entrevê de forma meio camuflada, ou se finge não ver em outros lugares, ali pode ser observado a qualquer momento, inclusive à luz do dia. Luminosos em néon e janelas que funcionam como vitrines indicam os caminhos do grande mercado aberto para a chamada ”atividade mais antiga do mundo.” A prostituição tem livre curso nos limites dos quarteirões sinalizados e funciona sob autorização e amparo legal.
          Mas, a exemplo dos Coffeeshops (locais para livre consumo de maconha), as janelas disponíveis para as trabalhadoras do sexo estão sendo gradativamente reduzidas pelas autoridades. Esses locais terminaram caracterizando a Holanda pelo viés da permissividade e atraem um tipo de turista que deixou de ser interessante para a imagem do país. As vitrines existem em várias cidades holandesas e também em outros países, como a Bélgica.
Bordéis ao longo do canal
          Ironicamente, os bairros de prostituição se tornaram uma das grandes atrações turísticas locais. 
          Euzinha, representante da categoria, participei de um tour pelo Red Light District (RLD) das redondezas numa noite gelada de inverno. 
          O guia conduz o grupo a pé pelas ruelas e becos, iniciando a caminhada ao longo do canal. Somos instruídos a não tirar fotos das profissionais que se mostram nas janelas, proibição que, se desobedecida, pode acarretar problemas, pois as garotas se sentem ofendidas. Cortinas cerradas indicam que a ocupante da vitrine está atendendo clientes.
          Nosso guia vai explicando as peculiaridades de cada área e passa informações interessantes: prostituir-se é legal na Holanda; para o exercício da profissão exige-se apenas que a pessoa interessada tenha no mínimo 16 anos e passaporte de país da União Européia; interessados em alugar uma vitrine (há filas de espera) devem se inscrever na Prefeitura e pagar as taxas correspondentes, inclusive Imposto de Renda.
          Nas janelas trabalham não apenas mulheres (sem limite máximo de idade, o guia menciona o caso de uma que faleceu recentemente, tinha mais de 70 anos e ainda trabalhava), mas também gays e travestis (submetidos à cirurgia ou não). 
          Existem ruelas com preços básicos, mínimo de € 50, e outras com práticas customizadas e preços condizentes. A segurança no perímetro dos RLD é total, com monitoramento e proteção policial nas 24h. Muitos quartos possuem botão de alarme. Nas demais ruas e locais públicos a prostituição é proibida, bem como a figura dos michês.
          A história dos RLD faz parte de Amsterdam. A zona dos bordéis começou a funcionar há muitos anos na parte mais antiga da cidade portuária que ainda mantém preservada parte de sua  arquitetura medieval. No bairro mais famoso, De Wallen (as paredes), se vê as prostitutas oferecendo seus serviços por trás de uma janela envidraçada e iluminada por luzes vermelhas. Por todo o bairro, funcionam vários sex shops e teatros com espetáculos de sexo no palco.
Oud Kerk 

          No beco próximo à Oud Kerk (velha igreja), choca um pouco ver o contraste dos bordéis dividindo espaço com uma igreja e escolas para crianças. Mas, tudo parece muito natural. Pelas ruas passeiam casais, turistas, grupos de adolescentes mal disfarçando a curiosidade. Clientes aceitam o convite de uma porta que se abre, algumas profissionais chamam a atenção dos que passam distraídos com nem tão discretas batidinhas no vidro.



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Dicas/experiências:
Turismo – (www) -        
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